Comer em Lisboa

Se há exercício ingrato é criar um roteiro de restaurantes em Lisboa. Não porque haja dificuldade em encontrar espaços que mereçam ser sugeridos, mas porque a velocidade com que abrem e fecham é tão grande que corremos o risco de hoje estar a sugerir um restaurante e para o mês que vem a coisa já não ser bem assim. Se juntarmos a isso as entradas e saídas dos chefs de cozinha e das gerências que vão mudando, só mesmo com a dinâmica de uma publicação online se consegue ter essa informação minimamente actualizada.
Tentei que as sugestões que compõem esta lista fossem as mais consensuais e consistentes possíveis, mas também transversais no que diz respeito ao preço e ao conceito. Com o tempo entrarão mais alguns e espera-se que não saiam assim tantos, é sinal que a consistência da oferta em Lisboa é garante de boa mesa. Divirtam-se.


Sea Me, Rua do Loreto 21 (Chiado), 21 346 15 64
Já falei sobre ele várias vezes aqui no blog mas nunca teve as honras de ter um post em nome próprio. Uma injustiça que se atenua com a primeira entrada desta lista. O Sea Me, para mim, é actualmente uma das mais consistentes e refrescantes opções para comer na capital. Conseguiu de forma perfeita aliar modernidade ao conceito de cervejaria e marisqueira, e conseguiu afirmar-se numa cidade com tanta oferta de qualidade nesta área, o que é obra. Mas a coisa não fica por aqui. A oferta estende-se ainda ao sushi e à peixaria, esta última onde se pode levar peixe fresco ou preparados para casa, como o famoso hambúrguer de choco e salmão em pão de alfarroba, estrela maior no último Peixe em Lisboa
É para ir sem medos. É tudo bom. Das Ostras às Ameijoas, dos Nigiri de Sardinha Assada (soberbos) ao Sushi mais tradicional, do Prego de Atum ao Prego de Lombo em Bolo do Caco. O serviço, sob o signo da informalidade, é simpático e eficiente. Está de parabéns a equipa do Chef Filipe Rodrigues. 
Nos vinhos a oferta também cumpre. Boa carta de vinhos, dividida por regiões, datada e com preços dentro do aceitável. Válidas opções a copo.
É pena que não seja mais barato para lá podermos ir mais amiúde, mas o mundo perfeito não existe.
Preço médio sem vinho, 30€ (pode-se ir em modo petisco e gasta-se menos).   



La Crêperie da Ribeira, Rua da Moeda 1A (Cais do Sodré) - 21 243 1565
O membro mais novo desta lista só chegou à restauração alfacinha há cerca de dois meses, mas justifica por inteiro a sua presença. Por três factores fundamentais. É bom, barato e bonito. E olhem que três B's é coisa cada vez mais rara cá no burgo. Para saber tudo aqui.
Preço médio sem vinho 12,50€ (ao almoço há menus a 8€).

(fotos @andrerib)


Cantinho do Avillez, Rua dos Duques de Bragança 7 (Chiado) - 21 199 2369
Não será a democratização da alta cozinha mas poderá ser uma excelente porta de entrada. José Avillez pega num receituário mais tradicional e dá-lhe um twist sofisticado abrindo assim o apetite para a sua cozinha mais vanguardista. Peixinhos da Horta com Molho Tártaro, Lascas de Bacalhau com Azeitonas Explosivas, Risotto do Boletos com Parmesão, são algumas das tentadoras propostas à nossa disposição. Podem ler mais sobre o Cantinho no post que escrevi o ano passado e que se mantém perfeitamente actualizado.
Preço médio sem vinho  30€



Tasca do Zé Pinto, Largo General Sousa Brandão - 21 778 7783
Chamei-lhe a tasca em todo o seu esplendor e ainda não me arrependi. Pipas de vinho, cadeiras de formica, toalhas de papel, tudo o que uma verdadeira tasca tem de ter. Depois temos os grelhados no carvão, Secretos, Entremeada, Entrecosto, assados por mão sábia, acompanhados pelo inevitável arroz de feijão. Um templo gastronómico de Lisboa.
Preço médio sem vinho 12,50€.

Le Petit Bistrô, Rua do Almada 29 - 21 346 1376
Duas entradas com sotaque francês numa lista de restaurantes de Lisboa pode parecer provocação mas, para além da coincidência, merecem inteiramente a sua presença.
Quando no final de 2010 escrevi este post, começava o Bairro da Bica a ser uma referência na animação nocturna da cidade. Com a chegada de gente mais jovem ao bairro também chegaram novos negócios, como este Le Petit Bistrô, que foi um dos pioneiros e que, felizmente, ainda por lá anda.
Boa comida, de inspiração francesa mas não só, bom ambiente e boa decoração, são os pontos-chave deste bistrô com pronúncia bairrista. Para usar e abusar.
Preço médio sem vinho 15€.

 

Belcanto, Largo de São Carlos 10 - 21 342 0607
Há quem ande uma vida inteira atrás de uma estrela no Michelin e há quem, em apenas seis meses, mostre argumentos para convencer os rigorosos inspectores do Guia Michelin a lhe atribuírem uma.
Falo, obviamente, de José Avillez, que pegou no mítico Belcanto do Largo de São Carlos e lhe trouxe a excelência e criatividade da sua cozinha. O nível é altíssimo, como escrevi no post que fiz o ano passado. Uma experiência única e imperdível, para aquela que é, actualmente, a maior referência de alta cozinha na capital.
Preço médio sem vinho 55€ (menu degustação 75€).



Cervejaria Ramiro, Avenida Almirante Reis 1H - 21 885 1024
Não há maior cartão de visita para uma marisqueira que estar sempre cheia com filas à porta e nesse campo O Ramiro está como peixe na água. Começou como casa de pasto, em meados do século XX, mas aos poucos os mariscos começaram a fazer parte da oferta desta, que é hoje, uma das maiores referências do género na cidade. As especialidades são muitas, o difícil é escolher, mas quando se fala desta casa são incontornáveis os mariscos, sempre frescos, a insinuarem-se-nos nos aquários e vitrines que decoram o espaço e as famosas Gambas Al Ajillo. Para o final, temos sempre de guardar espaço para o prego, outro dos ex-libris do lugar. A cerveja sai a bom ritmo, como não poderia deixar de ser, mas atenção, o Ramiro também tem bom vinho e a preços bem realistas. Pena são os copos.
Um clássico e um porto sempre seguro na restauração lisboeta.
Preço médio sem vinho 25€ (mas depende sempre do tipo de bicho que se quer no prato).


NOTA: O Restaurante Assinatura só não está nesta lista porque desde a recente alteração nas equipas de cozinha, com a saída de Henrique Mouro e a entrada de João Sá, ainda lá não voltei. Penso que a qualidade se tenha mantido, pelo que em breve poderá ser uma das novas entradas deste Comer em Lisboa.

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